segunda-feira, 21 de setembro de 2015

10 Coisas que Aprendi Sobre Relacionamentos

1 - O amor se revela nas atitudes, não nas palavras

Poemas são verdadeiras obras de arte construída com letras, palavras e versos, e alguns são a expressão do mais puro amor. Mas não existe demonstração maior de afeto que ações.

Não se encante pelo que o outro diz, mas sim pelo que faz para ficar junto a você. Isso é o que realmente conta.


Edward VIII abdicou ao trono da Inglaterra para casar-se com Wallis Simpson




2 - Não faça perguntas se não estiver preparado para as respostas

Você me ama? Você ainda pensa no ex? Meu beijo é melhor? Você já me traiu?

Algumas perguntas precisam ser respondidas. Mas não queira ouvir a resposta se não estiver realmente preparado para ela.

Jamais faça uma pergunta se estiver esperando somente uma resposta. Você pode se decepcionar...







3 - Pessoas tendem a ser mais responsivas a críticas e ofensas que a elogios

Simplesmente aceite isso (talvez você faça o mesmo também, sem perceber).

Coisas como "bom dia", "você é linda", "adorei ontem" e até mesmo "te amo" têm grandes chances de ficar simplesmente sem qualquer resposta. Um "você está gorda" não.








4 - Experiências ruins moldam a gente com mais força que as boas

É triste admitir, mas é mais provável que aquele relacionamento infernal que você teve influencie mais na sua personalidade que um relacionamento ameno e tranquilo.

Por algum motivo sinistro nosso cérebro tende a gravar com mais intensidade as coisas ruins que as boas. Por isso você vai lembrar melhor do dia em que bateu o carro, do que do dia em que comprou ele. Ou do dia em que sua namorada te traiu, do que o dia em que vocês se conheceram.

Talvez seja um mecanismo da nossa mente pra evitar com mais intensidade as coisas ruins, que procurar as boas. Talvez seja apenas uma consequência do senso de humor do mesmo Deus que criou o ornitorrinco. Não importa, simplesmente é assim que funciona.

Bruce Wayne que o diga...


Michael Douglas como D-Fens, em Um Dia de Fúria (Falling Down).
Sem dúvida as experiências ruins tiveram uma grande influência na personalidade dele...




5 - Relacionamentos à distância têm prazo de validade

E é bem curto.

O ser humano necessita do contato físico. A escassez de contato físico pode ser literalmente fatal para bebês, gerar problemas permanentes em crianças, e destruir a médio prazo seu relacionamento.

Distância é como uma bomba-relógio, que tem que ser desarmada de forma rápida. Bem rápida.


Assim que ele desligar, alguém de verdade vai deitar na cama dela.




6 - Paixão é uma coisa rara (e dificilmente recíproca)

Imagine ganhar na loteria. Agora imagine ganhar na loteria e, neste mesmo dia, conhecer outra pessoa que também acabou de ganhar na loteria. Esperar reciprocidade numa paixão é isso.

Pense em quantas pessoas você já conheceu na sua vida, e dessas tantas, quantas mexeram realmente daquela forma irracional que só o coração consegue fazer. E você realmente acha que, diante dessa improbabilidade, justamente essa pessoa que mexeu contigo também está mexida por você?

Por isso, se você quiser correr atrás de uma paixão, vá fundo, mas não espere reciprocidade.


Em 500 Dias Com Ela (500 Days of Summer),
Tom (Joseph Gordon-Levitt) ama Summer (Zooey Deschanel),
que não ama ninguém.




7 - Seu sentimento é problema seu

Não tem jeito, se você gosta de alguém automaticamente espera alguma reciprocidade. Mas uma pessoa não precisa gostar de você pelo simples fato de você gostar dela. Esse sentimento é só seu, e de mais ninguém.

Não é como se existisse algum entrelaçamento quântico entre seus sentimentos e os do outro. São as coisas que seu sentimento te levam a fazer pelo outro que podem seduzir alguém, e não o sentimento em si.

Ódio, amor, paixão, desprezo, afinidade... Nada disso extrapola seu íntimo se não forem transformados em ações. Até lá, são problemas seu, e de mais ninguém.




8 - Homens e mulheres traem na mesma proporção

Tudo que for relacionado a homens e mulheres, a tendência é que ocorra na mesma proporção, por motivos meramente matemáticos. Imagine uma festa com 20 homens e 20 mulheres, em que na média cada homem beijou 3 mulheres diferentes. Quantos homens diferentes, na média, cada mulher beijou? Pois é, a matemática prova que não existe 'garanhões' e 'galinhas'.

Por isso mesmo que a traição ocorre na mesma proporção. Mas a diferença é que o estigma social ainda é muito, muito pior para as mulheres. Enquanto o homem se gaba com os amigos que pulou a cerca, a mulher esconde.

É por causa desse peso social completamente distorcido para cada gênero, que as mulheres aprenderam, ainda que involuntariamente, a esconder muito bem as traições, enquanto os homens tendem a sentir um orgulho velado, que faz com que, mesmo inconscientemente, não queiram escondê-las.

Então você acha que você e seus amigos estão passando o rodo enquanto as mulheres estão em casa vendo TV? É matematicamente impossível...

A única diferença é que a mulher normalmente faz bem feito, parceiro.

Mas nem sempre é bem feito. Quem não lembra da Kristen Stewart?
Nem sendo rico, famoso e bonito você está livre do risco de ser traído.




9 - O oposto do amor é a indiferença

O ponto alto do desapego é a total indiferença. Nem ódio, nem mágoa: indiferença.

Por isso mesmo bloquear, ou ser bloqueado numa rede social mostra que ainda existe algum sentimento ali (não necessariamente positivo, é claro). Mas quando você nem lembra da existência da pessoa - e tanto faz se ela existe ou não, se respira ou não, se ainda gosta de você ou não - aí sim o amor acabou.






10 - Tudo é efêmero

Se por um lado é triste pensar nisso quando se está num relacionamento bom, por outro lado é reconfortante lembrar disso quando se está na fossa.

Mas a verdade é essa: tudo na vida é transitório. O amor infinito que você sente por alguém, um dia passa. Em compensação, a mágoa, o rancor e a decepção também um dia vão dar lugar ao nada.

Tudo tem seu lado bom.


terça-feira, 15 de setembro de 2015

A Cultura do Descartável

"Um sujeito se lembrará de muitas coisas que você não pensaria que ele se lembraria. Veja eu, por exemplo. Um dia, lá em 1896, eu estava atravessando para Jersey em uma balsa e quando saímos havia uma outra balsa chegando e nela havia uma garota esperando para descer. Ela estava num vestido branco, e carregava um guarda-sol branco. Eu só a vi por um segundo. Ela certamente não me viu, mas aposto que desde então não se tenha passado um único mês em que eu não tenha pensado nessa garota."
(Bernstein, em o Cidadão Kane)

No início do século XVIII uma invenção mudaria toda a humanidade: a máquina a vapor. Com ela, os bens de consumo poderiam ser produzidos numa escala muito maior, utilizando menos mão de obra. Iniciava, aí, uma nova era para a humanidade.

Propaganda de uma máquina à vapor 'portátil', de 1865


Essa capacidade de produção em massa se potencializou em 1914, quando Henry Ford implantou a primeira linha de produção da história. Começávamos a ter a capacidade de produzir em abundância, acima até mesmo das nossas necessidades.

O modelo fordista de produção se espalhou rapidamente, aumentando ainda mais nossa capacidade de produção em escala.


Como praticamente toda sociedade estava baseada no sistema capitalista, era preciso criar, então, a necessidade de consumo deste excedente. Do contrário, todo sistema ruiria.

Assim, em 1924 surgia o cartel Phoebus, que reunia os fabricantes de lâmpadas incandescentes, e foi responsável por reduzir propositalmente a vida útil do produto, fazendo com que os consumidores fossem obrigados a comprar novas lâmpadas numa periodicidade cada vez menor. Nascia aí a obsolescência programada: uma necessidade artificialmente criada para escoar a nossa capacidade cada vez maior de produzir.


A obsolescência programada foi se alterando durante os anos, e hoje em dia não se caracteriza pela pela perda real de utilidade do produto, mas uma perda imaginária. Você não troca a roupa porque ela estragou, mas porque saiu de moda. Não troca o celular porque ele não funciona mais, mas porque existe outro com mais funções.

Do primeiro ao último iPhone: será que os primeiros estão realmente inutilizáveis?


Seria muita inocência acreditar que essa nova cultura do descartável ficaria restrita aos bens de consumo. Nós seres humanos somos criaturas culturais. Nos relacionamos conforme nossa cultura. E a cultura do descartável permeia todas nossa relações. Inclusive as afetivas.

E hoje em dia, com a vida em grandes centros, temos abundância de pessoas, da mesma forma que temos abundância de bens. E como nós aprendemos a lidar com a abundância? Com o desperdício. As pessoas têm que ser tornar obsoletas na nossa vida, assim como as coisas.

Não importa o quão precioso seja o recurso:
aprendemos que se há excesso, podemos desperdiçá-lo à vontade

Conheça alguém na noite e deixe cair bebida nela. Ou fale algo que seja mal interpretado. Ou qualquer outra besteira que desagrade. Você será imediatamente descartado, já que existe uma infinidade de outras possibilidades na fila de espera. Descartar é algo natural na nossa cultura.

E da mesma forma que Ford criou a linha de produção, em 2012 a Hatch Labs criou o Tinder. É o fordismo aplicado aos relacionamentos afetivos. Escolhemos o parceiro numa linha de produção de possibilidades. E nos desfazemos deles com a mesma facilidade.

Pessoas novas a cada arrastar de dedo

Mas justiça seja feita: esse fenômeno não nasceu com o Tinder, ou com qualquer outro aplicativo de paquera. Esses aplicativos somente evidenciam um movimento que nasceu junto com a primeira máquina a vapor, no século XVIII: a nossa cultura do descartável.

E escolhemos por motivos tão fugazes quanto os motivos que usamos para descartar, uma vez que temos a necessidade de continuamente descartar e encontrar novos parceiros. Por isso, uma pessoa pode ser escolhida pela camisa que está usando, e descartada pelo riso diferente. Ou vice-versa.

Somos, atualmente, uma geração que não almeja mais encontrar alguém, mas somente permanecer na eterna procura.

Bernstein, personagem do filme O Cidadão Kane, diz que viu em 1896 uma garota na estação de trem, e desde então nunca se passou mais que um mês em que ele não lembrasse dela. Seria impossível imaginar algo assim nos dias de hoje. Bernstein seria considerado um maluco.

Bernstein viu, na sua juventude, uma garota de relance, e nunca mais esqueceu dela

Sonho com um mundo com mais malucos como Bernstein.


http://ruimcomelas.com.br/